Nasce em São Paulo em 1954.

cronologia Ileana Pradilla Ceron

Cronologia

Nasce em São Paulo em 1954.

Nasce em São Paulo em 1954. Seus pais, Giuseppe e Maria Venosa, naturais da região de Campânia, no Sul da Itália, imigraram para São Paulo no inicio da década de 1950. Giuseppe, que aprendera o ofício da carpintaria em sua terra natal, trabalha no Clube Paulistano, onde se torna responsável por projetar e produzir diversas cenografias. As construções que ele realiza com a madeira, assim como as modelagens e costuras elaboradas por Maria, constituem-se nas primeiras referências do artista sobre as questões relativas à forma e ao fazer.

De 1965 a 1968, estuda no Ginásio Vocacional, escola pública experimental implantada em diversas cidades do estado de São Paulo. Fechado pelo governo militar em 1969, o Vocacional enfatizava o desenvolvimento da sensibilidade artística e das habilidades técnicas do aluno. No Ginásio tem aulas de xilogravura com o artista polonês radicado no Brasil Maciej Babinsky.

Em 1973, frequenta a Escola Brasil, criada em 1970 pelos artistas paulistas José Resende, Carlos Fajardo, Luiz Paulo Baravelli e Frederico Nasser. A Escola é uma experiência pioneira no ensino da arte em São Paulo.

Em 1974, com dezenove anos, transfere-se para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), onde se forma em 1977. A Esdi, fundada em 1963, foi o primeiro curso de design da América Latina, nos moldes da Escola Superior da Forma, de Ulm, na Alemanha.

Conhece Sara Grosseman, sua colega na Esdi, com quem é casado desde 1977.

Ainda aluno da Esdi, faz estágio no Instituto de Desenho Industrial (IDI), dirigido pelo designer alemão Karl Heinz Bergmiller e localizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).

Em 1977, chefia a equipe de montagem da exposição Projeto construtivo brasileiro na arte, na Pinacoteca de São Paulo. Faz ainda estágio na Escriba, empresa de design de móveis de escritório, em São Paulo.

Em 1978 nasce sua filha Bárbara Venosa.

Começa a trabalhar como designer gráfico na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, em 1981.

No ano seguinte, aos 28 anos, ingressa na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV). Lá tem aulas de pintura com Luiz Áquila, então coordenador da Escola. Para Venosa, “foi com a pintura que comecei minha disciplina de trabalho. Mas, até hoje não sei ao certo o que era a pintura para mim. Fico com a impressão de que era uma espécie de obrigação moral”.

Participa da mostra coletiva Pintura! Pintura!, organizada pelo critico de arte Marcio Doctors, em novembro de 1983, na Fundação Casa de Rui Barbosa.

A brevidade de seu interesse pela linguagem pictórica fica evidente em 1984, ano em que forma o Ateliê da Lapa com os artistas Daniel Senise, Luiz Pizarro e João Magalhães. Embora comumente identificado com a chamada Geração 80, não participa da mostra Como vai você, Geração 80?, evento emblemático da jovem pintura brasileira. Nessa época, dá início a suas primeiras experiências tridimensionais.

Sobre sua mudança para a escultura, o artista afirma: “quando parei de pintar [...] comecei a trabalhar com madeira. Era uma coisa que eu fazia sem muito compromisso. Pegar o pincel para mim era pesado demais. A gente se confronta com a pintura como uma coisa histórica. Pegar o serrote era muito mais fácil. Estava lidando – na minha cabeça, obviamente – com carpintaria”.

Participa do 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM-RJ, e da mostra Arte brasileira atual: 1984, na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, onde recebe o prêmio Souza Cruz.

Em maio de 1985 faz parte da mostra de abertura do Subdistrito Comercial de Arte, em São Paulo. Criada pelos marchands João Sattamini e Rubem Breitman, o Subdistrito é uma das primeiras galerias a apostar na jovem produção da década de 1980.

No final do ano, realiza sua primeira mostra individual na Galeria de Arte do Centro Empresarial Rio, inaugurada dois anos antes com direção de João Augusto Fortes, Ascânio MMM e Ronaldo do Rego Macedo. O catálogo da exposição transcreve a conversa “No ateliê da Lapa”, entre o artista e o crítico Marcio Doctors.

Integra as coletivas Rio Narciso, na EAV do Parque Lage; do 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM-RJ; Arte/Construção, no Centro Empresarial Rio; e Ateliê da Lapa, na Galeria da UFF, em Niterói.

As esculturas realizadas nesse período, chamadas por vezes de esculturas negras, possuem estrutura em madeira e uma espécie de pele de gaze e resina, pintada de tinta preta. O crítico de arte Luiz Camillo Osório assim descreve o processo construtivo desses trabalhos: “vemos uma primeira etapa em madeira, na qual fragmentos geométricos vão se articulando, criando uma estrutura construtiva e segmentada como se fosse uma ossatura. Sobre esta base o artista insere uma camada de tecido e outros materiais que envolvem a articulação, e aí se aplicam as camadas de resina que formam a pele e desarticulam a construção. Surge uma imagem informe sobre a construção articulada”.

Em 1986 realiza sua primeira mostra individual em São Paulo, no Subdistrito Comercial de Arte. No catálogo da exposição, Ronaldo Brito escreve o ensaio “Singulares e equívocas”, em que analisa o estranhamento provocado pelos trabalhos do artista:
“O que intriga de imediato é o paradoxo da elaboração e reelaboração incessantes a serviço do incerto e do indefinido; o embate vigoroso e cansativo com a forma para alcançar quase o informe. [...] Só ao termo, sempre ignorado, dos vários desdobramentos e encobrimentos vai emergir sua forma específica [...] espécie de fósseis vivos: grandes volumes devoradores de espaço, inconsistentes porém, na medida em que não possuem peso correspondente; formas prementes mas tateantes, carregando um enorme potencial metafórico [...] que se apresentam entretanto quase com pudor”.

No mesmo ano, participa, no Rio de Janeiro, das mostras A nova escultura, na Galeria do Instituto Brasil/Estados Unidos (Ibeu); Sete décadas de arte italiana no Brasil, com curadoria de Frederico Morais, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro; e Projeto arte brasileira contemporânea, na Funarte. Integra também o 9º Salão Nacional de Artes Plásticas, [aonde] em Belo Horizonte, e a mostra Nova dimensão do objeto, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP).

Em outubro de 1987, faz parte da representação brasileira na XIX Bienal Internacional de São Paulo, sob curadoria de Sheila Leirner, cujo tema é “Utopia versus Realidade”. O artista apresenta quatro obras em tamanho monumental, comentadas por Frederico de Morais no catálogo geral:
“A escultura de Venosa não é feita de desbaste ou subtração, mas de acréscimos. [...] Ao invés de elevar-se a partir do chão, deixa-se pender do teto, um quase corpo, uma estrutura que tende ao amolecimento. Sua escultura mimetiza a forma dos materiais de que é constituída: o poliéster continua o galho, que é fragmento de corpo e, assim, termina em osso”.

Paralelamente à XIX Bienal, a Subdistrito Comercial de Arte publica um catálogo do artista com o ensaio “O novo tardio”, de autoria de Ronaldo Brito.

É um dos 69 artistas convidados para participar da exposição Modernidade: Arte brasileira do século XX, inaugurada no Musée d’Art Moderne de La Ville de Paris, e, em 1988, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). A exposição, com curadoria de Aracy Amaral, Frederico Morais, Roberto Pontual e Marie-Odile Briot, propõe uma revisão do legado modernista e é uma das primeiras grandes mostras sobre a arte brasileira moderna e contemporânea no exterior.

Expõe na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, ao lado de Daniel Senise e Charles Watson.

Em 1988 nasce seu filho Daniel Venosa.

Realiza individual na Galeria Montesanti, no Rio de Janeiro. Integra o 10º Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM-RJ, onde recebe o prêmio Aquisição; e o XIX Panorama da Arte Brasileira, no MAM-SP, uma das mais tradicionais mostras institucionais brasileiras.

Participa de Escultura para uma nova praça Mauá, no Centro Empresarial Rio. A exposição apresenta os diversos trabalhos inscritos no concurso, promovido pela Construtora João Fortes, para a escolha de uma escultura para a região portuária do Rio. A obra de Venosa sagra-se vencedora e é instalada na Praça Mauá, em 1990.

A escultura, inicialmente sem título, recebe o apelido de Baleia e ganha publicidade ao ser alvo de acalorada polêmica em 1998, quando é removida de seu local original e instalada na praia do Copacabana, no Leme onde pode ser vista.

A Baleia, primeira escultura pública do artista, também marca a utilização de um novo material: o aço corten, que atende às exigências de resistência da obra em espaço aberto. Com dimensões monumentais e grande peso, a escultura é construída no Estaleiro Mauá.

Em 1989, expõe na Galeria Sergio Milliet, no Rio de Janeiro, como parte do Projeto ciclo de escultura contemporânea, promovido pelo Instituto Nacional de Artes Plásticas (Inap). Na exposição individual, apresenta esculturas realizadas em madeira, espuma de poliuretano, resina de poliéster e fibra de vidro. Os últimos materiais conferem às obras uma transparência que as esculturas anteriores não possuíam.

Sobre esses novos trabalhos, o crítico Rodrigo Naves escreve o ensaio intitulado “Naturezas mortas”, onde afirma:
“Nos trabalhos anteriores de Angelo Venosa ainda resta um pouco desse sentimento íntimo e expressivo da natureza. Na opacidade das peças negras, pressentia-se uma interioridade relativamente à vontade com sua configuração externa, um vínculo estreito entre dentro e fora. [...] Mas se antes a superfície negra de suas peças ainda permitia a experiência de uma atividade interna, agora a relativa transparência dos trabalhos indica que a criação desses volumes instáveis tornou-se extremamente problemática. [...] Em diversas passagens, esses suportes inclusive repelem a cobertura, e surgem em sua crueza canhestra”.

Por ocasião da exposição, a revista Veja publica, na edição de 13 de setembro de 1989, o artigo “Formas de pesadelo”, de Angélica de Morais. No mesmo dia, o jornal O Globo traz a crítica “As formas orgânicas e tridimensionais de Venosa”, de Ligia Canongia, enquanto o Jornal do Brasil publica na mesma data “Veias abertas de Venosa”, de autoria de Reynaldo Roels Jr.

Participa ainda das coletivas Rio Hoje, no MAM-RJ; e A ordem desfeita, com curadoria de Ligia Canongia, na então recém-inaugurada Galeria 110 Arte Contemporânea, ambas no Rio de Janeiro; e do XX Panorama de Arte Brasileira, no MAM-SP.

Em 1990, integra as mostras Projeto Arqueos, na Fundição Progresso, Rio de Janeiro; Viva BRASIL Viva, na Liljevalchs Konsthall, Estocolmo; e Sala Uno, em Roma, com curadoria do crítico italiano Achille Bonito Oliva.

Instala a Baleia na Praça Mauá, Rio de Janeiro.

No ano seguinte, expõe seus trabalhos em individual na Paulo Figueiredo Galeria de Arte, em São Paulo. Inaugurada em 1978, essa galeria ganhou notoriedade pelo trabalho de difusão da obra de Mira Schendel e dos artistas surgidos na década de 1980.
Trabalhos de Venosa são vistos também nas mostras Brasil: la nueva generación, no Museo de Bellas Artes de Caracas; 80/90 Formas tridimensionais – A questão orgânica, no Museu Municipal de Arte, em Curitiba; e Panorama de arte brasileira, no MAM-SP.

Em 1992, o colecionador e marchand Marcantonio Vilaça inaugura em São Paulo a Galeria Camargo Vilaça, em sociedade com Karla Camargo. Por toda a década, o galerista será um dos principais agentes na divulgação da arte contemporânea brasileira no exterior. Próximo a Venosa nos tempos de colecionador, Marcantonio convida o artista para participar do elenco de sua nova galeria.

Obras do artista integram também as exposições A sedução dos volumes, no MAC-USP, Polaridades e perspectivas, no Paço das Artes, e Frida, Ivens, Nuno, Venosa, na Casa das Rosas, todas em São Paulo.
Faz parte das mostras Brazilian Contemporary Art, no Instituto Brasileiro de Arte Contemporânea (Ibac), cidade; Escultura 92, 7 expressões, no Espaço RB1 e Lúcida lâmina, na Galeria GB, ambas no Rio de Janeiro. Expõe ainda na Galeria Sotavento, em Caracas.

Em 1993, realiza individual na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre. Por ocasião da mostra, o crítico Luiz Camillo Osório escreve o texto “Angelo Venosa: Repouso no movimento”, em que ressalta a importância da materialidade na obra do artista:
“Percebe-se diante das obras de Angelo Venosa uma filiação romântica inequívoca. [...] O que nos fez vê-lo como pertencente a esta tradição aparece em duas características importantes de seus trabalhos: o tratamento dado à dimensão estética e a sua relação com a matéria. Pois é através do cuidadoso manuseio com a matéria que Venosa insere na obra o elemento regulador da ideia, do espírito. Os materiais escolhidos (cera, chumbo, dentes, resina, piche etc.) são os mais refratários possíveis para a ordenação formal. Sua obra vive do livre jogo entre a intenção e o acaso de uma forma final. Nesta ambiguidade a genialidade do artista vai encontrar, na relutância ‘inconformada’ de seus materiais, um ‘momento de forma’: a obra de arte”.

Por discordar da aproximação entre a poética de Venosa e a estética do romantismo, no texto citado, o crítico Reynaldo Roels Jr. escreve “Sobre repouso no movimento”, em que expõe as razões de sua discordância. A discussão prossegue com a réplica do próprio Camillo Osório.

Participa da VL Bienal de Veneza, edição com curadoria do crítico Achille Bonito Oliva. A seleção do pavilhão brasileiro, que Venosa divide com Carlos Fajardo e Emmanuel Nassar, é de Nelson Aguilar.

Na Bienal, o artista apresenta esculturas elaboradas com ossos, dentes de boi e parafina. Outros trabalhos concebidos na época incorporam cera de abelha, chumbo e mármore e são realizados a partir da junção de várias peças menores.

De acordo com Ivo Mesquita, no ensaio realizado para o catálogo da Bienal, as novas esculturas de Venosa, “agora, se apresentam objetos crus, impenitentes e inexoráveis, construídos a partir da justaposição e amontoamento de detritos, de fragmentos, de objetos recolhidos, criados, reproduzidos e organizados em grupos lógicos, de modo a refazer uma arqueologia da memória”.

Ainda em 1993, integra outras mostras coletivas, como Brasil Hoy, na Galeria Valenzuela y Klenner, Bogotá; Anti Corpo, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), Porto Alegre; Os pontos cardeais da arte, na Casa das Rosas, São Paulo; Esculturas ao ar livre, no Centro Cultural São Paulo, e A caminho de Niterói: coleção João Sattamini, Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói.

Na Galeria Camargo Vilaça, em 1994, mostra oito trabalhos em nova individual. Uma das esculturas apresentadas foi construída a partir da quebra de um grande painel com centenas de dentes de boi incrustados em parafina, exposto no ano anterior na Bienal de Veneza.

O texto da exposição, assinado pelo crítico Lorenzo Mammì, analisa as obras expostas:
“Venosa dispõe em círculo cabeças de fêmur, fielmente imitadas em mármore. O organismo já morto passa, mediante a reprodução, por uma segunda morte e é finalmente revitalizado, mas de forma indireta, por uma disposição ritual. A mesma cabeça de fêmur é o modelo de uma grande escultura composta por 142 placas de ferro, empilhadas como as linhas altimétricas de um mapa. Destituída de função, detalhada por um cálculo engenheirístico, a forma do osso se torna arbitrária e revela assim a fragilidade da distinção entre o orgânico e inorgânico, formal e informe”.

Por ocasião da mostra, a jornalista Ângela Pimenta escreve o artigo “A revolução da anatomia”, publicado na revista Veja, na edição de 12 de outubro de 1994. Sobre os trabalhos atuais do artista, ela comenta: “Se ao longo dos anos 80 o escultor construía peças a partir de materiais viscosos e transparentes como resinas de poliéster e fibra de vidro, ultimamente tem investido em sólidos de características opostas. Além de materiais pobres, como dentes e ossos de boi, parafina e chumbo, Venosa desta vez esculpe também em bronze e mármore de Carrara, matérias-primas tradicionalmente ligadas à escultura acadêmica. Inspirado na porção superior do fêmur humano, por exemplo, Venosa modelou um delicado ‘colar’ em que dez peças de mármore branco se encaixam perfeitamente umas nas outras”.

Ainda em 1994, é um dos artistas ganhadores da Bolsa Vitae de Artes. É agraciado com o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Tem mostra individual em Lisboa, na Galeria Alda Cortez. Participa das exposições Bienal Brasil Século XX, uma releitura sobre a história da arte brasileira, organizada pela Fundação Bienal de São Paulo, com curadoria de Nelson Aguilar, e Pequenos formatos latinoamericanos, na Luigi Morozini Gallery, em San Juan, Porto Rico.

Em 1995 integra a exposição coletiva Anos 80: o palco da diversidade, apresentada no MAM-RJ e na Galeria de Arte do Sesi, em São Paulo.

De acordo com Luiz Camillo Osório, em 1996 se inicia uma nova etapa poética na obra de Venosa. Para o crítico, a partir de 1996, o artista “deslocará o processo de construção da escultura”. “O aspecto da serialidade assumirá [...] um lugar determinante em sua produção. Ela se apresentará tanto como procedimento escultórico, por meio do ‘fatiamento’ e da justaposição dos materiais, como na segmentação de vários conjuntos ou séries de esculturas”.

O Atelier Finep, que funcionou no Paço Imperial de 1994 a 2007, foi importante para a pesquisa de linguagens nas artes visuais. Para esse espaço, o artista realiza instalação em parceria com Daniel Senise, com vídeos feitos durante a viagem dos artistas às cidades de Venosa e Senise, na região italiana de Basilicata, origem de suas famílias.
Expõe, no MAC de Niterói, Arte brasileira contemporânea na coleção João Sattamini, e no MAM-SP, nas mostras Pluralidade: arte brasileira contemporânea – doações recentes 1996 e Arte contemporânea no MAM.

Em sua coluna no caderno “Ideias”, do Jornal do Brasil, a crítica literária Flora Süssekind escreve “Narrativas em miniatura”, texto em que traça analogias entre uma escultura de Angelo Venosa, produzida em 1994, e “o movimento de redimensionamento narrativo que tem marcado a produção cultural brasileira desde fins dos anos 1980. Vistas de longe, por conta do uso do mesmo material e de dimensões semelhantes, essas peças, rigorosamente diversas, sugerem uma sucessiva reduplicação ou, pela disposição em linha, um tipo peculiar de escrita. Seriação e linearidade que aproximam este trabalho de Angelo Venosa de outras reflexões em torno da narratividade presentes”.

Em 1997 expõe no Centro Cultural São Paulo, no âmbito do Programa de Exposições 97. Na ocasião apresenta esculturas em vidro, material introduzido em sua obra no ano anterior. Os trabalhos são inicialmente constituídos por lâminas de vidro justapostas e linhas que formam um desenho reconhecível quando vistas em profundidade.

No mesmo ano, o MAM-SP instala escultura do artista nos jardins do parque do Ibirapuera. Trata-se de uma grande peça, sua segunda em espaço público, constituída por cabeças de fêmur em alumínio fundido, dispostas de forma circular.

Integra as exposições Diversidade da escultura contemporânea e Tridimensionalidade na arte brasileira do século XX, ambas no Instituto Cultural Itaú, em São Paulo. A última mostra, desenvolvida pela equipe daquele Instituto, com consultoria de Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli e Frederico Morais, segue em 1998 para a Itaú Galeria nas cidades de Belo Horizonte, Brasília e Penápolis (SP).

No Museu da Casa dos Contos, em Ouro Preto, Minas Gerais, participa de Experiências e perspectivas: 12 visões contemporâneas.

Entre 1998 e 2001 o Projeto Fronteiras, do Itaú Cultural, promove a instalação de obras de nove artistas contemporâneos brasileiros na fronteira do Brasil com Argentina, Uruguai e Paraguai e na cidade de Laguna, em Santa Catarina. Para o projeto, Venosa concebe O Aleph, uma escultura-labirinto, cujo desenho é baseado na deformação de sua impressão digital. A obra, realizada em pedra grés rosa, é instalada ao lado do açude do Parque Municipal do Batuva, em Sant’Ana do Livramento, fronteira do Brasil com o Uruguai. No início de 2006 é lançado o livro de encerramento do Projeto Fronteiras, com imagens das obras realizadas, textos críticos de Sonia Salzstein e entrevistas com os nove artistas participantes.

Em março de 1998, Venosa apresenta individual no Paço Imperial, Rio de Janeiro, onde exibe seus novos trabalhos em vidro, como os perfis de amigos e seu autorretrato. De acordo com as informações contidas no artigo “Um escultor antipop na contramão do previsível”, assinado por Luz Camillo Osório, e publicado no jornal O Globo em 29 de março de 1998, a mostra traz também “os vidros com formas desenhadas em sal, que, além de retomarem um movimento orgânico, põem em tensão dois materiais inusitados do ponto de vista da construção escultórica. Ambos, o vidro e o sal, potencializam-se pela oposição. Suas diferenças se somam sem se excluírem. Este elemento é a inteligência escultórica do trabalho”.

Expõe nas coletivas O colecionador e Arte brasileira no acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM-SP: doações recentes, ambas no MAM-SP; O Trio – Senise, Milhazes, Venosa, na Sala Alternativa, em Caracas; 1996-1998, no Centro Cultural São Paulo, e Espelho da Bienal, no MAC de Niterói.

Realiza um trabalho digital, especialmente concebido para a versão on-line da revista O Carioca, que consiste na imagem de um esqueleto humano cujos braços e pernas se movem de forma contínua e rápida. O movimento, entretanto, não altera o local ocupado pelo esqueleto na tela do computador.

Em setembro do mesmo ano, por demanda da Marinha, proprietária da área onde estava instalada a Baleia, a escultura é transferida da Praça Mauá para a praia de Copacabana, no Leme. Após gerar bastante polêmica sobre sua permanência, a Baleia se torna uma das obras de arte pública mais populares no Rio de Janeiro.

Em 1999 participa da primeira edição da mostra coletiva Território expandido, no Sesc Pompeia, em São Paulo, com curadoria de Angélica de Morais. Também realiza individual na Galeria Camargo Vilaça, onde apresenta quatro esculturas. O jornalista Celso Fioravante, em matéria publicada na Folha de S. Paulo em 1º de setembro de 1999, descreve as obras: “Em uma delas, usou a ciência. Seis placas de vidro com impressões fotográficas de uma ressonância magnética apresentam uma nova visão do cérebro humano. Em outra, usou a arqueologia. Placas de aglomerado de madeira recortadas e queimadas representam um corpo desconhecido, do qual as vértebras são o único vestígio. O trabalho mais complexo remete à cirurgia e à técnica da confecção de máscaras mortuárias ao apresentar um corte de seu próprio rosto, em posição de morte ou submissão cirúrgica, reconstituído com bolinhas de ferro”.
Nas duas exposições, o artista apresenta obras realizadas a partir de “reproduções tomográficas, obtidas por exames via ressonância magnética e retrabalhadas em camadas de vidro, ou outros materiais, como no grande rosto, oco, fatiado, e virado para o chão, exibido na mostra Território expandido, do Sesc”, como explicou Flora Süssekind em seu ensaio “Angelo Venosa e a intrasserialização”. Publicado em 1999 no livro Imagem escrita, esse texto é fruto do projeto homônimo concebido pela psicanalista Renata Salgado, com a finalidade de reunir os diálogos resultantes de um trabalho conjunto entre pares de artistas e autores literários. Flora Süssekind e Angelo Venosa são os autores do “Livro 4”, um dos capítulos da publicação.

Para a realização de trabalhos entre o final da década de 1990 e os anos 2000, o artista passa a utilizar um programa de computador que contém informações visuais do corpo humano em camadas, ou fatias longitudinais. O programa é resultante do projeto científico The Visible Human, desenvolvido pela U.S. National Library of Medicine (NLM), com o objetivo de oferecer um conjunto detalhado de fotografias do corpo humano para o estudo científico. Para o projeto, dois cadáveres, masculino e feminino, foram fatiados, fotografados e digitalizados entre 1994 e 1995, e as imagens foram disponibilizadas na web.

Em 2000, instala sua quarta obra, uma escultura em aço corten, no Parque da Luz, jardim de esculturas da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Apresenta a exposição Angelo Venosa/Paulo Pasta, na Celma Albuquerque Galeria de Arte, em Belo Horizonte, onde mostra gravuras. Luiz Camillo Osório, no texto do catálogo publicado para a ocasião, intitulado “Angelo Venosa e Paulo Pasta: uma apresentação”, descreve o processo de realização das obras, “feitas a partir do achatamento das imagens [de] contornos do corpo, que ficam comprimidos no plano e assemelham-se a um desenho gestual livre [...] sobre o papel ou a chapa de alumínio”.

Integra ainda Um oceano inteiro para nadar, na Culturgest, em Lisboa, com curadoria de Paulo Reis e Ruth Rosengarten. A exposição reúne artistas contemporâneos brasileiros e portugueses em torno das comemorações dos quinhentos anos dos Descobrimentos Portugueses.

Em 2001, participa do evento Tempo inoculado, organizado por Marcello Dantas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Rio de Janeiro, uma mostra que pretende discutir a diferença entre o tempo percebido e a cronologia, método para medir o tempo. Venosa apresenta a instalação Tempo. Em sua resenha à exposição, publicada no jornal O Globo, de 27 de janeiro de 2001, o crítico Wilson Coutinho, descreve o trabalho: “Venosa registra, por meio de vídeo, a imagem do espectador diante de uma tela, devolvendo-a partida em duas: uma metade, em tempo real; a outra, atrasada em um segundo. Como nos antigos espelhos circenses que deformavam os que se miravam, pode o visitante fazer caretas, exibir-se, preocupar-se com prazer com o retorno caricato de sua performance”.

Integra também a mostra Espelho cego: seleções de uma coleção contemporânea, aberta no Paço Imperial, Rio de Janeiro, e apresentada no MAM-SP e em outras capitais brasileiras. A exposição apresenta obras da coleção Marcantonio Vilaça, falecido em 2000.

Obras suas fazem parte das mostras A trajetória da luz, no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo, e O espírito de nossa época, no MAM-RJ e no MAM-SP.

Um ano mais tarde, em 2002, participa do Projeto Arte Cidade 4/Zona Leste, onde realiza uma intervenção em um galpão ferroviário abandonado, perto da Estação Mooca. Do galpão restam apenas paredes laterais e estruturas metálicas de sustentação do telhado, este inexistente. O artista usa essa estrutura remanescente para sustentar uma sequência de cordas pendentes que desenham curvas paralelas e induzem a percepção de um gigantesco sólido.

Trabalhos seus integram a mostra Paralelos: arte brasileira da segunda metade do séc. XX em contexto, Colección Cisneros, no MAM-RJ e no MAM-SP, com curadoria de Ariel Jiménez e Mari Carmen Ramírez. A coleção venezuelana busca dar visibilidade à produção latino-americana e refletir sobre sua contribuição à história da arte moderna e contemporânea internacional.

Integra a mostra Caminhos do contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial, Rio de Janeiro. Sob a curadoria geral de Lauro Cavalcanti, a exposição comemora os cinquenta anos de criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

No MAC de Niterói, participa de Coleção Sattamini: esculturas e objetos. Em Brasília, trabalhos seus integram a exposição Obras-primas do MAB: fragmentos a seu ímã, com curadoria de Adolfo Montejo Navas.

Em novembro, apresenta nova série de trabalhos na Galeria Marilia Razuk, em São Paulo. Às peças recortadas em chapas de aço corten e oxidadas quimicamente, o artista chama de “desenhos”. Neles, a referência visual ao corpo desaparece, embora decorram do mesmo acervo de imagens digitais do corpo humano fatiado e transformado em linhas e curvas vetoriais, que o artista utiliza em esculturas anteriores. Sobre a exposição, a jornalista Maria Hirzsman publica o artigo “A sedução e o risco na arte de Angelo Venosa”, no jornal O Estado de S. Paulo, em 3 de maio de 2002.
Participa de Territórios, mostra com curadoria de Agnaldo Farias, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, que busca mapear a produção brasileira desde a década de 1950. Venosa apresenta novas esculturas realizadas com correntes de metal, acrílicos e espelhos.

Em 2003 faz parte das coletivas Marcantonio Vilaça – passaporte contemporâneo, no –MAC-USP, e Meus amigos, no Espaço MAM Villa-Lobos, em São Paulo.

No ano seguinte, integra a mostra Onde está você, Geração 80?, concebida por Marcos Lontra, no CCBB-RJ, comemorativa dos vinte anos da exposição carioca Como vai você, Geração 80?. Embora não tivesse participado da mostra original, o trabalho de Venosa é incluído nessa releitura, assim como obras dos artistas do grupo paulistano Casa 7, surgidos na mesma época.

Participa das exposições Arquivo geral – arte contemporânea no jardim Botânico, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e // Paralela 2004, com curadoria de Moacir dos Anjos, em São Paulo, ambas simultâneas à 26ª Bienal Internacional de São Paulo.

Em 2004 também faz parte de Invenção de mundos – coleção Marcantonio Vilaça, no Museu Ferroviário Vale do Rio Doce, em Vila Velha, Espírito Santo, com curadoria de Moacir dos Anjos; Arte contemporânea no acervo municipal, no Centro Cultural São Paulo; Olhar impertinente, no MAC-USP; e 30 artistas, na Galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro.

Integra Estrategias barrocas: Arte contemporáneo brasileño, no Centro Cultural Metropolitano, em Quito. A exposição, com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, aborda a presença de elementos barrocos na arte contemporânea brasileira. No catálogo, o curador afirma:
“Gaudí colocava sob os modelos espelhos, nos quais o precário sistema de pesos e cabos se transformava, como que por magia, em autêntica arquitetura. As esculturas recentes de Angelo Venosa utilizam um sistema formalmente semelhante ao desenvolvido por Gaudí, e igualmente simples: pérolas prateadas descendem do topo para um espelho apoiado no chão. A simplicidade quase ascética dos elementos contrasta com o luxo que o artista obtém dos materiais plásticos: a curva desenhada pelas pérolas se repete, de cabeça para baixo, no espelho, convidando o espectador a se mover até encontrar, refletida, a fonte da cascata de pérolas. [...] É uma transformação estilística, quase de época: as catedrais góticas imaginadas no espelho de Gaudí são transformadas, por Venosa, em esplêndidas volutas barrocas”.

Em 2005 ingressa no mestrado em Linguagens Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concluído em 2007 com a defesa da tese Elogio da opacidade, orientada pelo crítico de arte Paulo Venâncio Filho.

Realiza individuais na Galeria Marilia Razuk, em São Paulo, e na Galeria Mercedes Viegas, no Rio de Janeiro, onde mostra suas superfícies recortadas em alumínio e aço corten. A escritora Elvira Vigna publica, em 24 de abril, o artigo “Entre os trapézios e o salto”, no Jornal do Brasil, onde descreve as obras da exposição: “As dez peças expostas têm dois milímetros de espessura, com uns dois, três metros de largura e altura. São de aço ou alumínio. Ficam na parede. Foram feitas todas agora, em 2005. [...] As de alumínio, cinza pálido e espelhadas, adquirem as cores da luz que refletem. As de aço, escuras e opacas, vão somando lentamente as cores da ferrugem que as cobre. Ou seja, as de alumínio falam do espaço em torno delas. As de aço, do tempo”. Por ocasião da exposição na Mercedes Viegas, a jornalista Daniela Name escreve o texto “Vizinhos na arte. Daniel Senise e Angelo Venosa, dois grandes nomes da Geração 80, expõem no Rio”, publicado no jornal O Globo em 30 de março.

Convidado a realizar um trabalho para o Parque José Ermírio de Moraes, em Curitiba, dedicado a esculturas em concreto, produz sua quinta escultura pública.

Participa da 5ª Bienal do Mercosul, com curadoria de Paulo Sergio Duarte, no segmento “Da Escultura à Instalação”, integrando o Núcleo Contemporâneo. Para esse evento, o artista executa uma peça que consiste numa grande lâmina de aço corten de forma ovoide. No catálogo da mostra, o curador destaca:
“As qualidades do objeto trabalham essa ambivalência que induzem seu conceito a partir da lógica substantiva dos materiais: esta habita o trabalho e suas partes, não se superpõe a nenhuma narrativa acessória. [...]
Utiliza-se da flexibilidade do metal para lhe imprimir a curva sobre a qual vai pousar em equilíbrio instável: qualquer vento mais forte lhe imprime certo movimento. A lâmina espessa está atravessada por numerosos furos irregulares que persistem na memória orgânica de obras anteriores e evita a superfície opaca contínua. Magistralmente posicionada no vão que se abre entre os armazéns A4 e A5 no Cais do Porto, tem ao fundo a bela vista do rio Guaíba”.

Integra O corpo na arte contemporânea brasileira, no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Viviane Matesco, e Ecos y contrastes, arte contemporáneo en la colección Cisneros, Museo de Arte y Diseño Contemporáneo, em San José, Costa Rica, apresentada no ano seguinte no Museo de Arte de El Salvador, San Salvador.

Participa da Galeria Especial do projeto UniversidArte, mostra anual de arte contemporânea que, a partir de 1996, tem lugar nos campi da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro. Indicado pelos críticos Marisa Flórido e Luiz Camillo Osório, Venosa recebe o prêmio Universidade Estácio de Sá, UniversidArte XIII, que consiste na aquisição de uma obra para o acervo da instituição acadêmica.

Em 2006 realiza mostra individual na Galeria Celma Albuquerque, em Belo Horizonte. Participa de duas mostras simultâneas à Bienal Internacional de São Paulo, promovidas pelas principais galerias de arte do Rio de Janeiro e de São Paulo: Arquivo geral, no Centro de Arte Hélio Oiticica, no Rio, com curadoria de Paulo Venâncio Filho, e Paralela São Paulo 2006, no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, curada por Daniela Buosso.

No mesmo ano, integra as exposições coletivas MAM na Oca: arte brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo e Sem título, 2006 – comodato Eduardo Brandão e Jan Fjeld, ambas no MAM-SP; 25 artistas, na Galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro; e Ciccillo, no MAC-USP.

Em junho de 2007 expõe em Da visualidade ao conceito: 80/90 – modernos, pós-modernos etc., concebida por Agnaldo Farias, no Instituto Tomie Ohtake. A mostra busca reposicionar o legado da Geração 80 na história da arte brasileira. Em outubro, participa de Mono#Cromáticos – vertentes na arte contemporânea brasileira, na Galeria Mario Sequeira, em Braga, Portugal.

Em junho de 2008, é lançado Angelo Venosa, com ensaio crítico de Luiz Camillo Osório. Publicado pela editora Cosac Naify, o livro mostra um panorama da obra do artista e inclui fortuna crítica, com textos de Ronaldo Brito, Ivo Mesquita, Lorenzo Mammì, Bernardo Carvalho e Flora Süssekind.
Por ocasião do lançamento do livro, o escritor Regis Bonvicino publica o texto “A contundência de Angelo Venosa” na revista Sibila, onde observa: “Suas esculturas revelam, ao mesmo tempo, que a arte e os aspectos humanistas da civilização estão mortos, paradoxalmente por meio de arte de alta qualidade, o que denuncia nele um princípio mínimo de esperança. Se Venosa fosse poeta, seria descendente do pré-modernista Augusto dos Anjos (1884-1914)”.
No mesmo ano expõe na Bolsa de Arte de Porto Alegre, onde apresenta individual com treze trabalhos produzidos entre 2002 e 2008, em materiais como espelho, correntes, vidros, aço e alumínio.
Suas obras integram a mostra Geografías (in)visibles: arte contemporáneo latinoamericano en la Colección Patricia Phelps de Cisneros, no Centro Cultural Eduardo León Jimenes, em Santiago de los Caballeros, na República Dominicana.
Participa ainda de Espelhos: reflexos e reflexões, com curadoria de Evangelina Seiler, na Galeria Marilia Razuk, São Paulo; da terceira edição de Arquivo geral, exposição curada por Fernando Cocchiarale, no então recém-inaugurado Centro Cultural da Justiça Eleitoral, no Rio de Janeiro, e da ARCO’08. Feira de Arte Contemporânea, representado pela Galeria Mercedes Viegas, em Madri.

Em setembro de 2009, realiza a individual Turdus na galeria da Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, a convite de Ligia Canongia, curadora do espaço. Turdus, nome científico das aves da família do sabiá, apresenta cinco esculturas produzidas a partir da ressonância magnética do crânio de um pássaro. Em materiais variados, como chapas de acrílico, madeira e galhos de árvore, as peças Turdus 21, Turdus 170, Há?, Ah! e Ágave enfatizam a estrutura do objeto. Nas palavras da curadora, extraídas do texto “Seres vivos”, publicado no catálogo da exposição: “Como em uma aula de dissecação, o artista retira a pele dos objetos para chegar aos elementos estruturais de seu corpo, aos pilares da forma. [...] O esqueleto é o que sobra, mas é essa sobra que parece interessar ao artista como objeto pleno e vivo. O desafio da obra não é fazê-la vivaz pela motricidade, no sentido cinético e literal, mas dinamizá-la pela exposição de suas camadas subterrâneas e de sua articulação espacial”.

A jornalista Daniela Name publica em seu blog, no dia 28 de outubro de 2009, a entrevista com o artista intitulada “Gato que nasce em forno não é biscoito”. Nela, Venosa comenta seu processo de trabalho e seus propósitos de experimentar outros caminhos nessa exposição: “Eu quis explicitamente experimentar processos que havia utilizado no passado, obviamente que modificado por tê-los já experimentado e pelas modificações de novas habilidades que o tempo incorporou, como o emprego – absolutamente natural – do computador e dos modos de fabricação decorrentes desse universo. Por outro lado, havia no ar outros desejos zunindo, como, por exemplo, forçar a noção de desenhos que flutuam, ou de ‘coisas que são desenhos’. Daí os recortes e particularmente algumas soluções como as curvas desencontradas e mais gestuais da peça Há?”.
Turdus é anunciada pela jornalista Suzana Velasco, do “Segundo Caderno” do jornal O Globo, como uma das dez melhores exposições de 2009 no Rio de Janeiro, na edição do dia 25 de dezembro de 2009.

Ainda nesse ano, apresenta individual na Galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro, com obras das séries Turdus e Anamórfico, realizadas em acrílico.

Participa de Os amigos da gravura, dos Museus Castro Maya, no Rio de Janeiro, programa criado em 1952 por Raimundo Ottoni de Castro Maya, para difundir a linguagem gráfica entre o público colecionador. Encerrado em 1962, Os amigos da gravura fora retomado em 1992, convidando artistas contemporâneos a criarem uma gravura para o projeto.

Toma parte das mostras Um mundo sem molduras e Experiências contemporâneas: coleção Marcantonio Vilaça, ambas no MAC-USP. A última exposição também é apresentada no Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, do Tribunal de Contas da União, em Brasília.

Em 2010 participa da exposição Mapas invisíveis, projeto de Daniela Name, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro. Os artistas são convidados a traçar mapas poéticos de algumas regiões simbólicas e historicamente relevantes da cidade. Venosa realiza a instalação Tijuca, uma proposta auditiva e visual sobre a floresta da Tijuca.

No catálogo que acompanha a mostra, a curadora descreve Tijuca como “uma espécie de mirante simbólico em que o visitante é convidado a olhar para suas paisagens internas em vez de procurar qualquer sinal de exuberância do lado de fora. [...] De um soundtube transparente, preso acima de um banquinho neutro preto, saem sons gravados na mata. [...] Aos poucos essa massa sonora vai sendo coberta por outros ruídos: uma voz feminina, sintética, declama poemas românticos em línguas que poucos dominam, caso do alemão e do chinês”.

Participa de Ponto de equilíbrio, mostra paralela à XXIX Bienal de São Paulo, organizada pelo Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de Agnaldo Farias e Jacopo Crivelli Visconti.

Em 2011 realiza uma obra especialmente para a quarta edição do Clube dos colecionadores, uma iniciativa do MAM-RJ. Trata-se de um projeto de incentivo à formação de novas coleções de arte por meio do lançamento periódico de um conjunto de obras inéditas de artistas consagrados, publicadas em tiragem limitada.

Integra também a exposição Marco universal – meu meio, com curadoria de Marcello Dantas. A exposição, montada no Sesc Interlagos, São Paulo, propõe uma reflexão sobre a relação de reciprocidade e responsabilidade entre o ser humano e o que ele nomeia como o seu meio. Para a mostra, o artista produz o vídeo Ghaabah: realizado a partir de uma sequência fotográfica da mata Atlântica carioca e seu título, palavra em árabe que significa “floresta”, alude à dificuldade de compreensão da ideia de floresta pelo homem contemporâneo.

Entre outubro de 2011 e janeiro de 2012, apresenta trabalhos na exposição Em torno da escultura, coletiva com curadoria de Guilherme Bueno, na Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio de Janeiro.

Em janeiro de 2012 integra O tridimensional no acervo do MAC: uma antologia, uma das exposições inaugurais do novo prédio do MAC-USP, com curadoria de Tadeu Chiarelli. Participa também de A primeira do ano, na Anita Schwartz Galeria de Arte, e da mostra E os amigos sinceros também, com curadoria de Bernardo Mosqueira, em comemoração aos 75 anos da Galeria de Arte IBEU, no Rio de Janeiro. Toma parte, igualmente, em (Alguns de) Nós, curadoria de Claudio Cretti, por ocasião dos 25 anos da Galeria Marilia Razuk, em São Paulo.

Expõe na Galeria Celma Albuquerque, em Belo Horizonte, na mostra coletiva Métodos empíricos para a extração (ou construção) de uma forma, com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. A exposição estimula uma reflexão sobre os métodos de trabalho e os processo de surgimento da forma nas obras dos artistas selecionados.

Integra Espelho refletido. O surrealismo e a arte contemporânea brasileira, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro. Com curadoria de Marcos Lontra Costa e Álvaro Seixas, a mostra discute o legado surrealista na arte brasileira atual.

Em junho de 2012, seu vídeo Ghaabah é visto no Rio de Janeiro, durante a versão carioca da exposição Marco universal – Meu meio. A mostra, que inaugura o Museu do Meio Ambiente, é um dos principais eventos culturais da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – Rio + 20.

De junho a setembro participa de From the Margin to the Edge: Brazilian Art and Design in the 21st Century [Da margem ao limiar: arte e design brasileiros no século XXI] na Sommerset House, em Londres, como parte da segunda seção da mostra: Craftsmanship/Gambiarra. Apresentada durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2012, a mostra concebida por Rafael Cardoso é um dos eventos promocionais das Olimpíadas 2016 no Rio de Janeiro.

Em 25 de julho de 2012, inaugura a exposição Angelo Venosa, no MAM-RJ. Sob a curadoria da crítica de arte Ligia Canongia, é a mostra mais abrangente de sua carreira, reunindo trinta obras produzidas entre 1985 e 2012. A exposição gera este livro, com texto da curadora e de diversos outros autores – a segunda publicação extensa sobre sua obra publicada no Brasil.

Em “O mágico e o paleontólogo”, texto crítico de Marisa Flórido publicado no jornal O Globo, em 27 de agosto de 2012, a autora reflete sobre o impacto causado pelo conjunto de esculturas no MAM-RJ: “O espaço expositivo assemelha-se assim a um sítio paleontológico ou ao laboratório de um patologista. É como se estivéssemos em uma era irreconhecível, entre o arcaico e a pós-hecatombe: entre uma atemporalidade remota – um tempo anterior a seu escoar – e o estupor de um tempo já morto e fossilizado; entre a dessemelhança de um bestiário ancestral, de um mundo tão enigmático que está ainda por nomear, e um mundo ultracodifcado e perscrutado, em que os testemunhos das existências, as palavras que animavam as coisas e suas histórias restam esgotadas”.

No ensaio “Esculturas por inversões”, publicado na revista Dasartes 23, Guilherme Bueno escreve sobre a operação, simultaneamente singular e contraditória, da qual resulta a escultura do artista: “No caso de Venosa coloca-se o dilema visual: o que é perceber a transparência como profundidade. Afinal, até que ponto isso não é contraditório? De fato, é precisamente essa contradição que passa a ser explorada como operação escultórica, quando categorias como transparência e opacidade parecem se igualar, pois, se aquela primeira se torna visível, perde sua qualidade primordial – a não ser, talvez, se se distinguir transparência de invisibilidade, como parece indicado constantemente. [...] Venosa produz, nesses casos, o volume sem precisar acrescentar ou retirar matéria, ele se perfaz na expansão das partes constituintes da peça (ou seja, o todo é maior do que a soma das partes – a escultura é algo que se faz para além da soma dos módulos, adquirindo uma qualidade própria). O jogo entre leveza e peso, entre o corpo que se suspende no vazio, e do vazio que o sustém, criam uma permutação contínua tal como aquela entre transparente versus opaco, resultando, enfim, numa escultura nascida por inversões”.

Em sua edição 181, de setembro de 2012, a revista Bravo! publica “Mar Negro”, crítica de Daniela Name à exposição.

Durante a exposição, é doada ao MAM-RJ a peça em aço corten apresentada em 2005 na V Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Instalada no jardim frontal da instituição, é a segunda obra pública de Venosa na cidade.

Em dezembro de 2012 participa da mostra Roesler Hotel # 21: Buzz, no âmago do Projeto Roesler Hotel, programa desenvolvido pela Galeria Nara Roesler, em São Paulo, que conta com a colaboração de curadores e artistas do mundo inteiro. A 21ª edição do projeto tem curadoria de Vik Muniz e, além dos de Venosa, apresenta trabalhos dos artistas Bridget Riley, Tauba Auerbach, Fred Tomaselli, entre outros.

A exposição panorâmica volta a ser montada no início de 2013, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.